quarta-feira, fevereiro 04, 2009

DÚVIDA (Doubt)

Dúvida, dirigido por John Patrick Shanley, aborda a pedofilia de uma forma bastante distinta da adotada por Pedro Almodóvar no ótimo Má Educação (2004). Aqui, o diretor espanhol centrava a narrativa na exposição explícita do ato e em suas reais conseqüências a uma vítima.

Shanley, ao contrário, tem a intenção de deixar a dúvida no ar, tal qual acontece na maior parte das acusações por tais crimes que envolvam padres, igrejas e seus muros, mas não só ali. A abordagem é sutil, o crime, se houve, não é visto. Não há provas, não há testemunhos. A vítima não se considera como tal e o padre parece inocente, mas também pode ser culpado. A incerteza está presente em cada diálogo, em cada tomada.

A cena se passa em uma escola católica do Bronx, Nova York, em 1964. A dura diretora, interpretada pela sempre magnífica Meryl Strep, recebe uma denúncia, que também não parece bem sê-la, de uma jovem freira (Amy Adams). Esta não sabe bem o que viu, mas em uma conversa com sua superiora expõe-lhe algumas atitudes que considera suspeitas por parte do popular padre da escola, vivido pelo excelente Philip Seymour Hoffman (Capote; O Talentoso Ripley).

O filme soa um tanto fraco na abordagem do tema pedofilia. A excessiva opção pela incerteza esvazia a história de uma possível reflexão mais aprofundada, sem chegar a emocionar.

Os três atores centrais estão indicados ao Oscar 2009: melhor atriz para Meryl Strep; melhor ator coadjuvante para Philip Seymour Hoffman e melhor atriz coadjuvante para Viola Davis.

2 comentários:

  1. Prezada Denise

    Participo de sua lista de roteiristas e vi seu e-mail falando do seu blog, resolvi fazer uma visita.

    Li os textos do The Reader e do Doubt. O primeiro ainda não vi, embora esteja bstante curioso, quanto ao Doubt eu o vi e gostei bastante, embora creia que o diretor estava pisando em ovos, ele escolheu um caminho mais fácil e deixa o espectador na dúvida. No entanto, o filme tem sucesso em discutir a fé numa época tão conturbada e a importância da dúvida justamente na afirmação destes valores, numa época sem convicções e esperança e assediada pelo niilismo e relativismos. Enfim, gostei do filme embora não goste de todas as escolhas do diretor.

    Algumas observações. Violla Davies é a mãe do menino Donald Miller (Joseph Foster), ela aparece em apenas uma cena e atua realmente de maneira excelente fazendo jus à indicação de atriz coadjuvante. A freirinha é Amy Adams e também fora indicada ao prêmio de atriz coadjuvante, ou seja, duas do mesmo filme. Assim como Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman aos prêmios de melhor atriz e ator.

    Não aposto no filme em roteiro adaptado e me surpreendi muito por não ter entrado em fotografia, mas com certeza, leva um de atriz coadjuvantee fica na briga por melhor atriz. Philip Seymour Hoffman dificilmente leva de ator principal, prêmio que creio vai ser duramente disputado entre Langella e Rourke.

    Sobre roteiros, tente ver o Frozen River e o Milk, gostei bastante dos dois.

    Beijo e sucesso, aguardo novas postagens.

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  2. Daniel, muito grata pela correção no nome da atriz que interpreta a freira. Sobre Milk, sou fã do cinema do Gus Van Sant, digo dos 3 ultimos filmes, a trilogia. Tenho o roteiro comigo há algumas semanas e lerei em breve.
    Grande abraço.

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Um recomeço

                                                                  Photo by Denise Duarte Após 9 anos sem postar em meu blog, estou de volta...