Quem quer ser um milionário?, do diretor inglês Danny Boyle (de Cova Rasa, 1994, e Trainspotting, 1996), arrecadou 8 estatuetas no Oscar 2009. Eu, que gosto de uma boa história e bem contada, apostava em O Leitor, confesso. E achava que o preferido da nova geração pelos efeitos visuais, O Curioso Caso de Benjamin Button, que particularmente a mim pouco me disse, fosse angariar muito mais prêmios do que recebeu.
Foi um alívio ver Milionário desbancar um cinema de trucagens. E mais ainda, ver um filme com outra fala, com outras histórias a contar, dominar a cena.
Gostei de Milionário, filme bem feito, moderno, montagem ágil. E encontrei nele muitas semelhanças com o filme de Fernando Meirelles, Cidade de Deus. Muitos críticos já comentaram isso, mas é inevitável citar minhas impressões.
Começando pelas seqüências (adoro tremas - desculpe não cumprir as novas regras gramaticais) iniciais do filme - quando tem início a perseguição na favela indiana, imediatamente me reportei à perseguição da galinha na primeira cena de Cidade de Deus. As tomadas sobre os telhados, as crianças correndo pelas ruelas, a câmera rápida atrás delas, a cena quase documental, a tonalidade da imagem, isso tudo em Milionário lembrou-me o filme do Meirelles.
Para citar apenas mais uma comparação, igualmente entre as seqüências iniciais do ganhador do Oscar, a cena onde os meninos jogam bola possui tomadas e ângulos de câmera muito semelhantes à cena em que garotos igualmente jogam bola em Cidade de Deus, também no inicio deste, acredito que no primeiro flash-back.
Penso também que Boyle fez a mesma opção que Meirelles ao abordar um tema que envolve juventude e periferia: cercar sua narrativa ágil e moderna de uma montagem e edição atraentes, além de utilizar-se de não-atores na busca de um maior realismo.
As semelhanças, porém, ficam por aí. Tratam-se de modos diversos de contar a saga de um menino pobre de periferia em busca de uma situação melhor.
Dois ótimos filmes a meu ver. Porém, Cidade de Deus não perde sua primazia entre meus preferidos. Eu não verei o Milionário além da sessão de cinema a qual compareci. Já o filme do Meirelles vi no cinema várias vezes, revi em dvd e minha vontade de revisitá-lo ainda não se esgotou.
Talvez seja essa, para mim, a grande diferença entre os dois filmes.
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