sábado, junho 06, 2009

E viva Clint!

Vi Gran Torino e A Troca e só posso reafirmar: eu amo Clint Eastwood! E como sou fã do cara, preferi Gran Torino (2008, com roteiro de Nick Schenk) do que A Troca (2008, roteiro de J. Michael Straczynski). Apesar do primeiro ser mais ingênuo em termos de roteiro do que o segundo, que apresenta mais tramas e tem uma estrutura mais complexa, apesar disso, ainda gosto mais de Gran Torino e por uma simples razão: ele tem bem mais a marca estilística de Clint.

Se há um diretor norte-americano contemporâneo que me emociona é Clint Eastwood. Sempre aguardo suas estréias com expectativa e nunca me decepciono. Talvez porque Clint seja um diretor de estilo. E aí sempre me recordo da matriz, conceito defendido pelo estudioso Jean-Claude Bernardet no livro O autor no cinema: a política dos autores (Brasiliense/USP, 1994). Em termos gerais, segundo ele, a matriz pode ser identificada, ou decantada, no que há de comum no conjunto da filmografia de um diretor. Em outros termos, ela se traduz no estilo de direção.

Aplicando a matriz à produção de Clint Eastwood desde Bird (1988), passando por As Pontes de Madison (1995), Sobre Meninos e Lobos (2003), Menina de Ouro (2004), Cartas de Iwo Jima (2006), A Conquista da Honra (2006), Gran Torino e A Troca (ambos de 2008), para não citar outros filmes, observa-se claramente um estilo que segue uma linha humanista, onde o diretor busca enfocar os dramas comuns de pessoas comuns e onde não há espaço para a figura do herói e nem para finais felizes.
O cinema de Clint é um cinema off-Hollywood. Não há glamour, não há redenção para seus personagens, que quase sempre habitam cenários periféricos e, não raro, decadentes.
Seus filmes tratam simplesmente de pessoas no que elas têm de mais comum conosco: fracassos, impossibilidades, doenças, velhice, preconceitos e realidades. Dentro deste quadro, seus personagens podem se transformar, mas nunca de um modo clássico. Afinal, os finais felizes são invenção de Hollywood. E Clint foge a esse modelo. Igualmente, a fé é vista em seu cinema de uma forma bastante descrente. A Igreja está presente, mas essa presença é dúbia. Os padres costumam ser muito próximos dos personagens vividos por Clint. Porém, a relação que estes estabelecem com a Igreja costuma ser sempre um tanto ácida, marcada por uma forte ironia, que parece traduzir o fato de que àqueles personagens só reste acreditar em algo em que a comunidade na qual estão inseridos crê, mas que a eles, enquanto indivíduos, não diz muito.
O ex-galã de filmes italianos virou um diretor extremamente sensível, que apresenta um cinema acima de tudo corajoso na medida em que há muito rejeita soluções fáceis.

4 comentários:

  1. Oi, Denise.

    Já tinha votado, e por incrível que pareça, li seu artigo antes de ver o e-mail no ROL. E deixe de bobagem, autopromoção não é pecado; autopromoção enganosa sim. Rs..

    Tb sou fã de Clint, desde os westerns. Como diretor, gosto bastante de Menina de Ouro, com aquela fotografia cheia de luz e sombra (de uns tempos pra cá tenho me concentrado bastante nesta parte técnica tb.. Rs...). Mas estou bem defasado, tem uns 3 filmes dos mais recentes q ainda não vi.

    Parabéns, sempre um post bacana.
    Bjo!

    Marcelo Pereira

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  2. Estou aqui para fazer-lhe uma proposta, que eu considero interessante.Também sou TOP 100 e estou concorrendo na categoria "VARIEDADES" e estou na campanha "UM VOTO POR UM VOTO".O legal disso tudo é essa interação,eu conheço seu blog e vc, o meu.Já votei no seu e sei que também que receberei seu voto.
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    Obrigada

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  3. Concordo de corpo e alma com sua palavras sobre o cinema de Clint Eastwood. Repetiu em seu texto as impressões que tive ao sair da sala de cinema. Gran Torino foi o filme que assiste este ano e que até agora mais me tocou. Cinema humanista, a melhor exressão para significar a obra de Clint. Querida Denise, sugere algo atualmente neste perfil?
    Um abraço.
    Gisele L. Costa

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  4. Gisele, obrigada, querida. Sim, preciso atualizar o blog. Tenho revisto algumas coisas que gostaria muito de comentar, vários clássicos e tal. Beijos, Denise.

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Um recomeço

                                                                  Photo by Denise Duarte Após 9 anos sem postar em meu blog, estou de volta...