Assisti ontem à estréia de Invictus, de Clint Eastwood.
Invictus é um presente, em especial para mim, porque reúne 4 pessoas que muito admiro.
1) Morgan Freeman, que obteve o papel de sua vida nesse filme, como Nelson Mandela, aquele que lhe faltava em sua filmografia já recheada de ótimas interpretações, um ator que considero de primeira grandeza e que já havia atuado em outros 2 filmes sob direção de Clint, Os Imperdoáveis (1992) e Menina de Ouro (2004). Com este ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante.
2) Matt Damon é um ator culto, tendo recebido forte influência da mãe, professora universitária e amante das artes, formou-se em Harvard. Além de ator, é também roteirista premiado com o Oscar de melhor roteiro, juntamente com seu amigo de infância Ben Affleck, pelo roteiro de Gênio Indomável, dirigido por Gus Van Sant em 1997. Damon criou uma forma muito própria de interpretar marcada pela discrição, onde não se coloca em primeiro plano mesmo quando é protagonista, um ator perfeccionista quando da preparação de seus personagens, tanto fisicamente quanto em profundidade. Foi assim quando viveu o agente Jason Bourne na trilogia Bourne, onde criou uma nova forma de interpretação para heróis de filmes de ação; e foi assim também em O Bom Pastor (2006), sob a eficiente direção de Robert De Niro, no qual viveu um agente da CIA, na época de sua criação, em confronto direto com intensos problemas pessoais.
3) Nelson Mandela, personagem real que serviu de inspiração para a realização de Invictus: torna-se dificil, quase impossível, escrever em poucas linhas sobre alguém como ele. Um mito vivo, Mandela é, acima de tudo, um exemplo de que a verdadeira essência humana nada pode suplantar. Um espelho para um mundo que precisa de exemplos, que precisa acreditar que ideais humanitários podem sobreviver a todo tipo de adversidade. Um dos grandes trunfos de Invictus foi a opção por se fazer um recorte de um evento em especial entre os muitos na vasta vida de Mandela, evento que resume em si sua inteligência e capacidade de liderança, e que demonstra como e porque um só homem conseguiu unir a África do Sul. Outro trunfo do filme foi manter como linha condutora da estória a idéia de mostrar-se Mandela como exemplo de vida. Um grande acerto do roteiro.
4) Clint Eastwood. O diretor que mais admiro na atualidade e sobre o qual dediquei uma postagem inteira com comentários sobre alguns de seus filmes (vide arquivo do blog 2009, "E Viva Clint!", de 04 de junho de 2009), faz em Invictus uma bela homenagem não somente a Nelson Mandela, mas à própria linguagem de cinema. Nesse filme o tema principal não é o rugby, assim como Menina de Ouro não era um filme sobre boxe. Clint é um daqueles raros diretores que usa um tema que interessa a multidões (no caso dos filmes citados, o esporte) para atrair os espectadores e lhes entregar outra coisa. Os filmes de Clint, em geral, falam sempre de outras coisas. Seu cinema nos faz pensar e refletir sobre nossas falhas, sobre a vida, sobre nós mesmos. Ele resgata por meio de seus personagens um quê de simplicidade e de essência humana livre, liberta de preconceitos, de dogmas, do sucesso a qualquer preço. É um cinema que nos toca com a mesma suavidade com que o diretor se expressa verbalmente. Seus recados são sempre sutis, sem deixar de serem diretos.
O cinema de Clint é um cinema necessário. E com Invictus ele se mantém fiel a essa premissa.
concordo plenamente, ótimas 4 pessoas...
ResponderExcluirgrande abraço
Gisele Costa