quinta-feira, abril 16, 2009

O roteiro de Sunset Boulevard

Sunset Boulevard, que no Brasil ficou conhecido com o explicativo nome "O Crepúsculo dos Deuses", foi dirigido pelo mestre Billy Wilder em 1950, e roteirizado por Charles Brackett, Billy Wilder e D.M. Marshman, Jr.. O fim do cinema mudo e o surgimento de um novo cinema é o tema central dessa obra-prima, mas não somente isso.
Ao estudar o roteiro, foi impossível não observar suas diferenças em relação ao roteiro moderno. O primeiro detalhe importante a se considerar é a finalidade de sua escritura: foi escrito para que o próprio diretor o dirigisse, o qual, relembro, também foi um dos roteiristas. Assim, notam-se claras indicações de ângulos e movimentos de câmera, e isso acontece logo na primeira rubrica.
Observa-se também como é diferente seu layout quando comparado aos roteiros atuais. Uma das diferenças está na colocação da voz over, a voz do narrador, e do som em coluna, ao lado das rubricas. O roteiro de Sunset Boulevard se parece, assim, com o roteiro para vídeo institucional ou o de publicidade, feitos em duas colunas, sendo uma descritiva da imagem e outra do som incidental (voz over, trilha sonora, sons).
Porém, fugindo ao esquema das colunas, seus diálogos são centralizados na página.
Seus cabeçalhos também não são estruturados como hoje o fazemos: não há indicações de tempo nem local para a câmera (INT/EXT).
O roteiro está estruturado em grandes seqüências que não parecem ser as seqüências como hoje as conhecemos. Hoje, uma seqüência é um conjunto de cenas que têm a ver com um tema específico: a ida ao médico, ao supermercado, à escola. São seqüências em geral pequenas. Os roteiros modernos, em geral, não são estruturados por seqüências e sim por cenas. Em Sunset Boulevard, ao contrário, as seqüências são bastante grandes e indicadas por letras A, B, C, D, E, cada qual numerada por algarismos que parecem indicar o que a câmera filma, cada tomada. Cada seqüência parece mais ater-se a um dos atos do roteiro, e não propriamente a temas, como hoje se faz. O roteiro, aqui, está dividido em 5 atos: A, a apresentação da trama; B, o protagonista passa a viver no quarto sobre a garagem da mansão de Norma Desmond; C, Gillis passa a viver no quarto do ex-marido de Norma, dentro da mansão; D, Gillis reencontra Betty, começa a querer deixar a vida com Norma, Norma pensa que será atriz novamente (o encontro no estúdio com DeMille); E, final, Gillis se apaixona por Betty, Norma mata Gillis e é presa ou internada.
Assim é mais ou menos a estrutura de Sunset Boulevard, um convite ao estudo do roteiro clássico.

3 comentários:

  1. Que beleza! Rs.. Demorou para você atualizar o blog, mas quando vêm é coisa boa. Rs.. Gostei da "aula" de roteiro, parabéns.
    Um beijo, Denise!

    Marcelo Pereira
    4 Elementos - Fábrica de Ideias

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  2. olá denise. sou amigo do oscar calixto e ele me indicou seu blog. sou estudante de cinema (UFF, 3º periodo) e estou cursando a disciplina argumento e roteiro. um dos filmes que analisamos a algumas semanas foi "Sanset boulevard". interessante abordagem. continuarei visitando seu blog. abraço.

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  3. Oi, Jocimar, obrigada pela postagem. Ah, eu queria muito saber qual a abordagem que voces tiveram sobre Sunset Boulevard na Uff. Se quiser, escreva para meu email: duarte.denise@gmail.com
    Abração.

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Um recomeço

                                                                  Photo by Denise Duarte Após 9 anos sem postar em meu blog, estou de volta...