



O Atalante narra a lua-de-mel de um casal a bordo do navio homônimo, pelos canais de Paris. O dono do barco é Jean, o marido, e a bordo estão mais duas figuras. Uma delas, o tio, impõe à imagem um tom humano e sincero e, ao mesmo tempo, grotesco, seja por sua imagem tatuada, seja pelas atitudes, ou pela quantidade de gatos que convivem no espaço exíguo da embarcação, em cima da mesa, dentro dos armários e em cima das camas. Em contraste, Juliette, a recém esposa, surge sobre o barco em seu traje de noiva, uma das mais belas cenas do filme e da história do cinema, ou mergulha seu rosto numa tina onde diz ver o rosto de seu amado. O marido, ao contrário, não consegue o mesmo feito, o que frustra a jovem. Ela sonha conhecer Paris e em uma das atracagens do Atalante na cidade, conhece um vendedor ambulante que lhe atiça ainda mais a curiosidade. Juliette acaba fugindo, ao mesmo tempo em que Jean decide esquecê-la. Vendo seu sofrimento, o tio decide procurar a moça.
É um filme de constrates entre momentos de intenso lirismo e imagens quase documentais.
E é plenamente visível na imagem as influências de dois movimentos surgidos na França e quase contemporâneos ao filme: o impressionismo francês e o surrealismo.
O Atalante será lançado no Brasil em breve em dvd, juntamente com demais filmes de Jean Vigo.
Um filme que guardarei na lembrança não só pela beleza, mas também por ter sido minha última sessão de cinema no Paissandu.