O que torna um filme inesquecível?
Essa poderia ser uma daquelas perguntas cuja resposta vale 1 milhão de dólares.
Uma diretora de cinema perguntou-me certa vez por que Cidadão Kane é tido como o grande clássico do cinema. Para quem estuda essa arte, a resposta alcança múltiplas razões.
O cinema, sob a ótica do mestre do cinema francês, François Truffaut, pode ser expresso como "o prazer dos olhos". O que traduz, entre outros, a sensação de bem-estar que levamos conosco após deixarmos a sala de cinema, aquela certeza de termos visto um bom filme, do qual nos lembraremos por muitos anos, não raro pela vida toda.
Mas e quando a obra não nos traz esse enlevo? E quando estamos diante de algo que o sabemos grandioso, marcante, impactante, mas que nos direciona a outros sentimentos, como a reflexão histórica e filosoficamente crua sobre a maldade humana?
Esse é o caso de filmes como o húngaro Filho de Saul (Saul Fia, 2015) e o britânico Zona de Interesse (The Zone of Interest, 2024). Quando assisti a este último reportei-me de imediato ao primeiro. Não somente pela temática semelhante, já que ambos são ambientados no período da Segunda Guerra Mundial e abordam o holocausto.
O ponto que muito me chamou atenção em ambos os filmes foi o uso do background. Tanto o diretor e roteirista húngaro László Nemes, em Filho de Saul, quanto o britânico Jonathan Glazer, em Zona de Interesse, constroem, de modos distintos, uma narrativa onde o que acontece ao fundo é mais impactante do que as cenas em primeiro plano: um contraste cru com a impiedosa frieza dos algozes.
Se
décadas antes, Noite
e Neblina (Nuit
et brouillard, 1956), de Alain Resnais, e A
lista de Schindler
(Schindler's
List, 1993), de Steven Spielberg, trataram do tema do holocausto de
modo ímpar,
sendo o filme de Resnais considerado ainda uma pequena obra-prima, Filho de Saul,
que
nos coloca dentro da cena,
e Zona
de Interesse
trazem uma
nova forma de retratar o
horror histórico, retrato
esse tão crucial neste
impensável momento do
ressurgimento do antissemitismo
no mundo de hoje.
Prazer reencontrar essa página ativa. Um Blog necessário, para todos que, como eu, são apaixonados pelo Cinema! Obrigada por nos presentear, professora Denise!
ResponderExcluirDigitei um comentário, porém, não ficou registrado!
ResponderExcluirHavia feito um agradecimento, à minha Professora Denise, pelo retorno ao Blog. Gratidão por retornar a nos presentear com seu conhecimento nesta arte tão importante, que é o Cinema!
Bem vindo Cinéma!
Bem vinda Denise Duarte