quinta-feira, novembro 10, 2011

La piel que habito

La piel que habito (2011), de Pedro Almodóvar, é um filme muito bem cuidado, seja no detalhamento dos objetos de cena, decoração e figurinos, quanto no roteiro, direção, fotografia, montagem. Contando com a colaboração de Jean Paul Gaultier, Almodóvar mistura gêneros como a ficção científica, o noir e o terror, naquele que pode ser considerado seu melhor filme. E o mais feminista. Aliando o pendor natural do diretor pela temática, em La piel que habito, soma-se a influência da artista plástica Louise Bourgeois, morta em maio de 2010, cujas obras pontuam a película. Acima de tudo, um filme para ser refletido sob muitos ângulos.

segunda-feira, agosto 22, 2011

Esses Amores (Ces Amour Là)

Esses Amores (Ces Amour Là, 2010) é a homenagem de Claude Lelouch, em seu 51o. filme, ao cinema. Se tal intenção não estivesse expressa nos letreiros que precedem a exibição, certamente seria deduzido pelo espectador da primeira à última cena do filme. Se isso não bastasse, o diretor compõe uma narrativa dramática permeada por uma boa história, contada visualmente, leve e distante dos dramas hollywoodianos. Ótimo filme, na minha opinião.

Sinopse:
Ilva é uma mulher que se apaixona facilmente. Desatenta e despreocupada como seu amor pode ser visto pelos outros, ela se vê presa as conseqüencias de seus atos.
Primeiro na França dominada pelos Alemães, ela se apaixona por um nazista, o que indiretamente leva a morte de seu pai. Para muitos, sua relação era vista como uma colaboração com os nazistas.
Seu próximo amor traz mais tragédia. Durante a libertação da França em 44, quando ela é violentamente obrigada a responder sobre sua relação com a Alemanha, ela é salva por dois soldados americanos, um branco e um negro. Ela então se apaixona pelos dois, ao mesmo tempo. Sua incapacidade de escolha entre eles cria conflitos, tristezas e assassinato.

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Speelbound (Quando Fala o Coração, 1945)


Speelbound (1945) é um dos filmes mais curiosos entre a filmografia de Alfred Hitchcock. Mescla suspense, psicanálise e influências do movimento cinematográfico surrealista. A sequência do sonho, narrada pelo personagem interpretado por Gregory Peck, é baseada em desenhos de Salvador Dalí (figura acima), e tem elementos oníricos típicos daquele movimento. Talvez seja o filme mais rico de Hitchcock no tocante à relação entre a psicanálise e o surrealismo. E um dos melhores exemplos daquela vanguarda no cinema misturada ao gênero suspense.

Ingrid Bergman é a psicanlista que tenta fazer com que o personagem de Peck recupere a memória. O grande destaque é a presença do ator Michael Chekhov, como o Dr. Alexander Brulov (foto abaixo).

Speelbound é uma preciosidade que recebeu no Brasil um título em muito reducionista (Quando fala o coração). 

sexta-feira, janeiro 21, 2011

A Última Estação (The Last Station)

A Última Estação (2009) faz pensar o quanto se têm desperdiçado idéias no cinema em mãos de diretores e roteiristas incapazes de dar bom andamento a projetos de peso. Michael Hoffman deixou passar a chance de fazer um filme de valor em sua inexpressiva carreira ao abraçar a adaptação da ótima novela de Jay Parini. Falado em inglês (o russo seria tão necessário), exagerando na aplicação do melodrama clássico ao estilo hollywoodiano e consequentemente no plano e contraplano (e nos closes excessivos), o filme frustra pelo esvaziamento da narrativa. Uma história com o enfoque nos dias finais de Tolstoi merecia um capricho maior e muito mais sutileza e densidade cinematográficas.
Nem as filmagens na Alemanha e a presença de atores de peso, como Christopher Plummer (Léon Tosltoi), indicado ao Oscar 2010 como melhor ator coadjuvante, e Helen Mirren (Sofia Tolstoi), indicada como atriz principal, conseguem deixar lembranças mais duradouras sobre essa produção. 
Aos que não o sabem, principalmente as novas gerações, o filme pode despertar curiosidade de se pesquisar acerca da vida de Tolstoi e da criação do mito, bem como da espécie de religião denominada Tolstoismo, uma corrente de pensamento surgida na Rússia ao final do século XIX

domingo, janeiro 16, 2011

Além da Vida (Hereafter)

Clint Eastwood continua sendo o diretor norte-americano contemporâneo que mais gosto. Além da Vida (Hereafter, 2009) demonstra bem essa premissa. O diretor, ao falar sobre a morte em seu mais recente filme, acaba por enfatizar a vida. Não entra no campo da discussão sobre o além.
Ao contrário, seu enfoque é na vida, no caso em três personagens centrais, um ex-vidente (Matt Damon), uma famosa apresentadora da tv francesa que passa por uma experiência quase-morte (Cécile De France) e um menino que perde seu irmão gêmeo.  Chama atenção a cena inicial, especialmente impactante e extremamente bem feita.
Clint, em Além da Vida, mas não só aqui, sem ser panfletário ou enfático, mantem um estilo de direção serena, cheio de sutilezas e, acima de tudo, inteligente, sem buscar o caminho mais fácil do melodrama ou do sensacionalismo, ou mesmo de defesa de um ponto de vista religioso sobre o tema. Clint apenas celebra a vida.

Biutiful

Biutiful (2010), de Alejandro González Iñárritu (Babel, 21 Gramas, Amores Brutos), mantem as marcas estilísticas características do diretor: a não-linearidade, gosto pela pela estética realista, crua e dura, foco em vidas sem saída, marcadas pela luta em torno da sobrevivência, e enfoque na temática da morte como algo inevitável, mesmo que se negue a aceitá-la.
Esse é o drama vivido pelo personagem Uxbal, interpretado por Javier Bardem, pai de dois filhos, separado da mulher que ama, uma bipolar que se nega a se medicar, ele portador de câncer terminal em sua luta para protegê-los do mundo ao redor até o final.
Faz parte da trama a dura realidade do trabalho ilegal e escravo de imigrantes orientais e africanos, explorados por uma rede de agenciadores inescrupulosos. Uxbal tem ligação direta com esse universo, seja conhecendo os agenciadores, pagando policiais para não fiscalizar o trabalho desses imigrantes ou tentando minorar suas péssimas condições de vida, comprando-lhes aquecedores ou pagando-lhes pequenos serviços, como uma babá para seus filhos.
Um filme sufocante, imensamente triste ao mesmo tempo que inteiramente verdadeiro, assemelhando-se de modo mais próximo, entre os demais filmes de Iñárritu, a 21 Gramas.

Tetro

Tetro (2009), de Francis Ford Coppola, decepciona. Apesar do preto e branco e da ambientação na bela Buenos Aires, principalmente no bairro da Boca, o filme careceu de um bom roteiro e de lapidação nos diálogos e na direção dos atores. Nem mesmo a presença de peso do lendário ator autriáco Klaus Maria Brandauer, no papel de pai de Tetro, conseguiu salvar a película.

Para narrar a densa história de uma família, a opção recaiu por um dramalhão que pedia menos exagero e mais sutileza, principalmente para evitar o diálogo revelador final, o que indica a falta de um roteiro capaz de dar conta de uma verdadeira linguagem cinematográfica, de uma boa história contada em imagens.

Curb Your Enthusiasm – A Reinvenção do Sitcom

  Curb Your Enthusiasm é um dos mais brilhantes sitcoms da televisão norte-americana depois de Seinfeld . O criador de ambos, Larry David...